19.12.10

imigração


o parvo chega na lanchonete e desvia o olhar da garçonete. 'café?' ela intimida. sim, 'espresso', não sou rápida e você deve agradecer por isso, acho que sim já agradeço desde já.
pediu um pão na chapa com pouca manteiga enquanto mordia desejos no desjejum. distraído pelas notícias do telejornal, perdeu o foco na primeira curva. assistia a verdade pelas câmeras de segurança. mais rápidos que batedor de carteira eram os pensamentos dela, e ele tolamente acreditava que eram os olhos. os olhos dela, o negrume, a passagem para o infinito, o insondável, o buraco. o café. 'nada de leite, por favor', sim claro puro como sempre, e por que seria diferente hoje, porque um dia as coisas mudam.


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