25.7.12

senza macchina _ 3


saudade não assusta, não engana nem morre de véspera.
não é só uma lembrança fotográfica.

saudade é lembrança morta-viva,
tecnologia-mor ectoplasmática impossível de fotografar
– embora a encontremos frequentemente em molduras de janelas,
pétalas secas, carnaval, encartes de disco, cheiro de graxa,
abraços, temperatura da areia, olhos oblíquos e

saudade não vem antes de acontecer,
não: isso seria melancolia, montanhas,
clube da esquina.

saudade é condimento, cor, cheiro, pele, tatuagem, solzinho, chuvisco, luz na varanda:
vontade de pôr no presente o imaterial,
um mistério-gosto permanente de fogo.

saudade é feliz,
e a tristeza que você sente passa.
com o tempo vem o desapego
e é assim mesmo,
tudo passa.


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