26.11.08

auto-retrato, 1



quando criança, preferia uma resma de papéis e um punhado de canetas ao invés da TV. nem por isso perdi os meus programas preferidos.
pipocas antes dos filmes me ensinaram que deles não devemos esperar grandes coisas antecipadamente.
aceito conselhos de trailers. outro dia recebi este: 'nossas expectativas podem nos cegar'.

não ouço com orelhas de livro.
meus caminhos são meus pés e o fogo anda comigo.
faço fotografias cheias de letrinhas, palavras para alimentar os olhos.
folião patrimonial do rio, a cidade é maravilhosa e é a minha língua, meu gosto, minha terra, minha alma salgada. o coração está no mar. a cabeça, costumo esquecê-la onde está.

um peixe embrulhado com bukowski, uma bisnaga para o café da manhã, apostas brancas e henry miller. não sei o nome das coisas, mas elas me conhecem. tenho uma profunda intimidade com os símbolos, por isso muito provavelmente posso estar enganado.

viver é um barato.

acho que envelhecerei ao contário, igual ao poetinha.
sou magro desse jeito, porém se bobear viro um boto. sei imitar o som do flipper.
aprendi a tocar pente e, um dia, serei o regente da maior orquestra de instrumentos metacapilares do hemisfério sul, com direito a uma apresentação popular e democrática no parque do ibirapuera.

quando faço confusão é apenas o incrível exército de brancaleone.
libertei minha biblioteca. as palavras que sustentava até agora que se virem. isso inclui até o baú das vãs filosofias.

sou filho de genovês e faço um pesto que respeita meus ancestrais.
saravá, meu pai.
ninguém pode explicar a vida num samba curto.

_____

Um comentário:

Unknown disse...

branca branca branca! leon leon leon!
adorei este. saravá, meu querido!